domingo, 20 de agosto de 2017

Do 0 ao 1 e do 1 ao 0

     Ao se analisar a sociedade atual, percebe-se facilmente uma corrida para o sucesso, vitória, uma corrida para sempre se alcançar a posição número 1, número este disputado e almejado por todos, enquanto seu outro lado, naturalmente o 0, é visto como derrota, falha nos objetivos, um lugar em que ninguém deseja estar. Ambos os números sempre foram sinônimos de oposição, enquanto o 1 é a verdade, o 0 é a mentira, e assim as comparações continuam.
     É possível perceber este antagonismo facilmente na sociedade ao observar, por exemplo, como isso acontece na política, ou ainda no futebol, religião e, por fim, posicionamentos em geral, onde praticamente não há diálogos entre as partes, o que contribui para a formação de uma sociedade incomunicável.
     Com essa perspectiva, pode-se acreditar que isto seja talvez até algo normal, que um diálogo não precisa ultrapassar barreiras do pensamento e que, no fim, não acrescenta ideais realmente necessários ou que possam fazer o indivíduo levar em consideração. Por outro lado, a base de um computador, por exemplo, é o código binário, formado por apenas os números 0 e 1. Com esse fato, acaba por surgir uma nova perspectiva, de que, por mais que estereotipados, o 0 e o 1 podem sim serem usados em conjunto para a formação de algo maior, mesmo com as diferenças e aparente antagonismo, ideias diferentes podem e devem ser trabalhadas a fim de se obter uma comunicação proveitosa e, claramente, melhor que o atual incomunicável diálogo da sociedade.
     Uma analogia deste conceito pode ser feita com a arquitetura, onde se vê cada vez mais obras que não dialogam entre si e nem com o espaço que ocupam, o que contribui para a lógica binária presente na contemporaneidade. Sendo assim, por que não dizer que a arquitetura pode ser uma das chaves para mudar esta forma de observar o meio em que se vive e abrir portas para conversas fora do batido e já citado antagonismo incorrigível do 0 e 1?

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